A Tirzepatida é um medicamento inovador no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Foi aprovado recentemente pela ANVISA no Brasil para Diabetes, mas não para obesidade, ainda. Ou seja, para o tratamento da obesidade é off label.
É uma molécula desenvolvida pela Eli Lilly (um grande laboratório farmacêutico) e ela combina dois mecanismos de ação em uma única molécula, oferecendo vantagens em relação a outros medicamentos da mesma classe, como a Semaglutida (Ozempic/Wegovy) e a Liraglutida (Victoza/Saxenda).
Mecanismo de Ação
A Tirzepatida é um agonista dual dos receptores de GLP-1 (glucagon-like peptide-1) e GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide). Mas o que essas substâncias fazem?
– GLP-1: – Aumenta a secreção de insulina dependente de glicose. – Reduz a liberação de glucagon (diminuindo a produção hepática de glicose). – Retarda o esvaziamento gástrico, aumentando a saciedade.
– GIP: – Potencializa os efeitos do GLP-1. – Melhora a sensibilidade à insulina. – Contribui para a redução do apetite e da gordura visceral.
Essa dupla ação faz com que a Tirzepatida seja mais eficaz no controle glicêmico e na perda de peso quando comparado às suas antecessoras: Liraglutida e Semaglutida, já que elas agem apenas em GLP-1.
Indicações de Uso
– Diabetes tipo 2: – Como terapia adjuvante a dieta e exercícios em adultos. – Indicada para pacientes com obesidade ou resistência à insulina.
– Obesidade (em alguns países, como EUA, sob o nome Zepbound®): No Brasil, ainda não é liberado para obesidade. – Para pacientes com IMC ≥ 30 kg/m² (obesidade). – Ou IMC ≥ 27 kg/m² + comorbidades (hipertensão, dislipidemia, apneia do sono).
Contraindicações para o uso
– Histórico de carcinoma medular de tireoide (CMT) ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2). – Alergia à Tirzepatida ou qualquer componente da fórmula. – Gravidez e lactação (não há estudos suficientes em humanos; recomenda-se evitar). – Pancreatite aguda prévia ou risco aumentado.
Doses, formas farmacêuticas e via de administração:
Vendido somente com receita médica, a Tirzepatida não está disponível na forma oral, somente injetável para aplicação no subcutânea. Deve-se fazer escalonamento da dose para evitar os efeitos colaterais. Assim como a semaglutida,a aplicação é semanal.
Efeitos Colaterais Mais Comuns
Gastrointestinais (mais frequentes):
– Náuseas (30-40% dos casos).
– Vômitos (10-20%).
– Diarreia ou constipação (15-25%).
– Dor abdominal (5-10%).
Metabólicos:
– Hipoglicemia (principalmente se combinada com insulina ou sulfonilureias).
Outros:
– Diminuição do apetite.
– Fadiga.
– Reações no local da injeção (leve vermelhidão ou coceira).
Riscos e Precauções
Pancreatite: Suspender se houver dor abdominal intensa e persistente.
Doença da vesícula biliar: Relacionada à perda de peso rápida.
Retinopatia diabética: Monitorar em pacientes com histórico.
Preço no Brasil (2025)
Os preços do tratamento com a Tirzepatida variam conforme o canal de compra e a adesão ao programa de suporte da Lilly. Para pacientes cadastrados no “Programa Lilly Melhor Para Você”, os valores são:
Já fora do programa, os preços podem chegar até R$ 2.384,34 para a dosagem de 5 mg, considerando o ICMS de 18%.
Ainda não há previsão de chegada das doses de 10 e 15mg no Brasil.
Comparativo com Semaglutida e Liraglutida
A Tirzepatida é considerada superior em vários aspectos:
Apesar da superioridade sobre as suas “primas”, ainda não prescreverei a medicação. Motivo: Prefiro ter prudência e aguardar os efeitos colaterais e formas de manejá-los. Estudar mais sobre o mecanismo de ação, como fazer um escalonament eficaz. Não estou falando que nunca prescreverei, mas por agora não. Talvez daqui 6 meses.
Autor: Dr. Frederico Lobo – Médico Nutrólogo – CRM-GO 13192 – RQE 11915